Derek Jarman - Sebastiene

se eu ainda não estou completamente ga ga, não que nem a Lady, mas esclerosado de vez, lembro que tinha um pequeno cinema em Paris, embaixo do Beauborg onde eu vi Sebastiene. eram 11hs da manha e eu na fila. aliás na fila não. eu parado na bilheteria do cinema esperando a mesma reabrir. o tal cineminha passava filme se não me engano 24hs por dia, filmes diferentes. mas essa seção era as 11hs. então tinha que espera a sessão anterior terminar e sair todo mundo por que o filme era outro. vi no jornal e la fui eu achando que nem ia conseguir entrar. mas não tinha ninguém. um pouco antes de abrir a bilheteria sinto uma presença atras de mim. finalmente uma fila, pensei. era o Rubens Ewald. só eu e ele embaixo do sol de Paris em frente a uma bilheteria fechada. mas eu não queria e não podia perder a oportunide de ver aquele filme. vimos juntos com pipocas, refrigerantes e chocolates. eu e ele. ele e eu. eu amei o filme. nunca tinha visto um nu frontal masculino no cinema. pelo menos não com tanta delicadeza e vigor ao mesmo tempo. interessante que eu ja tinha ouvido falar dessa versão gay de Sebastiene. que o militar, que anteriormente era o favorito do imperador e da corte, tinha sido enviado para a fronteira mais longinqua do império quando, convertido ao cristianismo, recusou seus favores ao imperador. no exílio o mesmo aconteceu com o capitão que enfurecido ordenou que ele fosse flechado. é um filme dificil de se ver. árido como a paisagem que o cerca. e além de tudo as poucas falas são em latim. dizem que o Derek quis assim por que ele achava que iam fioar ridiculos os diálogos do filme. nada é ridículo no filme. é um filme belo, poético. depois de ter visto Sebastiene assisti todos os filmes do Derek, que eu não conhecia. inclusive o perturbador "Blue" antes de morrer Derek declarou em alto e bom som que queria ser esquecido. como? seus filmes estão aí e mostram o quanto vivo ele permanece na nossa memória.